quarta-feira, 14 de julho de 2010

O Testemunho dos Apóstolos II


"Para que vos lembreis das palavras

que primeiramente foram ditas

pelos santos profetas

e do mandamento do Senhor e Salvador,

mediante os vossos apóstolos."

– 2 Pedro 3:2

As Escrituras Apostólicas revelam duas grandes fontes que vieram a prejudicar a igreja: o judaísmo e as idéias filosóficas gregas. Ao observarmos a história podemos ver claramente que houve sérios desvios da mensagem dos apóstolos. Sim, tanto o judaísmo quanto as idéias helênicas causaram muito dano às primeiras igrejas.

O entendimento original foi danificado por muitos pensamentos, pelas opiniões e filosofias. Ainda no primeiro século, uma mistura de filosofia grega, egípcia e babilônica adentrou nas nascentes comunidades cristãs. Dessarte, foi por intermédio de conceitos e práticas judaico-helênicas que inúmeras doutrinas e práticas foram produzidas e, não muito tempo depois, retidas como dignas de crença. Donde adveio tal permissividade?

Como se iniciou a apostasia

Note a observação que o apóstolo Paulo fez à igreja em Corinto: "Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento. Porém não nos gloriaremos fora da medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós." – 2 Coríntios 10:12, 13.

A que situação Paulo se referia? Lemos: "Não nos gloriando fora de medida nos trabalhos alheios". [v. 15a] Mas o que levou alguns a se gloriarem? De fato, em presunção, alguns buscavam reconhecimento próprio dentre os fiéis de Cristo. Para tanto eles supunham que era o aumento de 'número de conversos' que indicava 'confirmação apostólica'. Todavia, segundo o apóstolo Paulo, não era o 'número' que determinava a legitimação apostólica. Ele declarou: "Antes tendo a esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra. [...] Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva." – 2 Coríntios 10:15, 17, 18.

A alegria de Paulo não estava em ver um número exorbitante de conversos. Ao contrário do que alguns pensavam, ele entendia que a apostolicidade era determinada pela fé. Paulo apontou-lhes a esperança de crescimento da fé genuína. Todavia, alguns dos que julgavam que o número de séquitos era o real determinante da legitimação apostólica, passaram a facilitar a 'integração' dos pagãos com os seguidores de Cristo. Que deslealdade! Devido a esta situação foi que Paulo escreveu as notas corretivas:

"Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis;

porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça?

E que comunhão tem a luz com as trevas?

E que concórdia há entre Cristo e Belial?

Ou que parte tem o fiel com o infiel?

E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?"

– 2 Coríntios 6:14-16


Resignação ao paganismo

Era de se esperar, não tardiamente, que o facilitado ingresso de pagãos viesse a causar sérios danos à comunidade dos fiéis. Ora, não poucos falsos conversos vieram a obter influência entre os sinceros seguidores de Jesus. De tal ordem de cousas, temos o registro: "Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles a primazia, não nos recebe. Pelo que, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os expulsa da igreja." – 3 João 9, 10.

Quem era Diótrefes? Era um apóstata que tinha conquistado uma posição de influência em uma dada igreja. [Note 1 João 4:6] Ora, houve alguns proeminentes que, no afã de conseguir uma maior amostra de 'conversos', não se afirmaram no entendimento original. Eles facultaram o livre ingresso de pagãos mediante princípios notoriamente ilícitos. E, além do mais, expulsavam os genuínos seguidores de Cristo! Assim, vemos claros indícios de que, logo cedo, a igreja se resignou ao paganismo.

Muitos foram os que aceitavam sem questionamentos certos pressupostos helenizantes. A permissividade viria a corromper a simplicidade da sã doutrina. A leitura das cartas dos apóstolos, mormente 2 Timóteo e 2 Pedro, nos revela que, embora o desvio da Fé já era-lhes manifesto, a apostasia estava ainda por ser sistematizada. Como se daria tal sistematização?

Falsos obreiros

Ao lermos com devida atenção as cartas de Paulo à igreja em Corinto, podemos ver que naquela igreja havia aqueles que eram favoráveis a toda sorte de mistura pagã. Alguns eram idólatras e influenciavam subtilmente a muitos. Daí, a pergunta apostólica: "Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?"

Não eram todos que estavam claros a respeito do zelo de Deus. [Êxodo 34:14; Deuteronômio 5:6-9; 1 João 5:20, 21] Alguns até mesmo presumiam que a integração do Evangelho aos princípios da filosofia pagã ocasionaria uma promulgação mais ampla do Evangelho. [Note 1 Coríntios 11:2, 3] De modo que, em parte, foi devido a tal ordem de cousas que o apóstolo denunciou a sabedoria deste mundo como "loucura diante de Deus". – 1 Coríntios 3:19.

Paulo estava ciente da raiz de todos os conceitos e iniciativas errôneos. A busca pelos rudimentos deste mundo ocultava a intenção maligna cultivada na mente de alguns: o desejo de ser senhores da herança de Deus. – Considere 1 Coríntios 4:8, 15; 2 Coríntios 11:12. Cf. 2 Timóteo 4:3, 4.

O apóstolo afirmou que os líderes que consentiam na mistura pagã não eram verdadeiros apóstolos do Senhor. Ele firmemente declarou: "Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça". – 2 Coríntios 11:13-15.

Sementes da apostasia

As anotações de Paulo evidenciam um quadro lamentável. Já nos dias da nascente igreja havia aqueles que falsificavam a palavra de Deus. Daí o apóstolo ter escrito: "Rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus". – 2 Coríntios 4:2.

Em decorrência da iniciativa dos obreiros da iniqüidade, tornou-se urgente que os primevos cristãos viessem a "provar os espíritos". [1 João 4:1-3; Apocalipse 2:2] Todavia, nem todos atenderam aos conselhos apostólico. Por não terem o entendimento exato da Verdade, muitos foram os que se deixaram levar "em roda por todo o vento de doutrina". [Efésios 4:14] Da falta de visão do que vinha a ser o genuíno crescimento da fé adveio a falsificação da palavra de Deus. Em que consistiu tal falsificação?

A segunda carta de Paulo a Timóteo mostra o cuidado e as diretrizes dos apóstolos a fim de que os discípulos não cedessem à apostasia infiltrante. Toda esta carta reflete o cuidar apostólico. Quem eram "os homens impostores e enganadores" dos quais Paulo falava? [2 Timóteo 3:13] Eram os que deturpavam os ensinamentos dos apóstolos. – Cf. 2 Timóteo 3:14; Tito 1:9-11; 2 Pedro 3:15-18.

Como agiam os falsos instrutores? Eles não conservavam "o modelo das sãs palavras". [2 Timóteo 1:13] Por conseguinte, não se atinham somente às páginas das Sagradas Letras. [2 Timóteo 3:15] Tais desencaminhadores eram os que, não satisfeitos com as Escrituras como base de fé e de aperfeiçoamento, iam buscar no meio helênico a opinião dos filósofos. – Note 2 Timóteo 4:3.










O alerta apostólico

A deserção da mensagem apostólica também iria se caracterizar como "o desviar dos ouvidos da verdade às fábulas". [2 Timóteo 4:4] A simplicidade da Fé não seria preservada. Por isso, já nos dias dos apóstolos havia o alerta contra as sementes da apostasia: "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo coceira nos ouvidos, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, e se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando às fábulas." – 2 Timóteo 4:3, 4, Almeida Contemporânea.

Sim, conforme escreveu Paulo, haveria um tempo em que homens infiéis teriam influência significativa entre os fiéis. Eles amontoariam "mestres segundo as suas próprias cobiças". Similarmente, Pedro também escreveu: "E também houve entre o povo [de Israel] falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E, por avareza, farão negócios de vós com palavras fingidas". – 2 Pedro 2:1-3.

Pela expressão "introduzirão encobertamente", o apóstolo Pedro indicou que os falsos instrutores agiriam de acordo com a astúcia da antiga serpente: de forma dissimulada. [Note Gênesis 3:2] O Salvador seria negado como conseqüência das subtilezas dos falsos mestres. Em que época tais avisos apostólicos se cumpririam?

'Se alguém ensina alguma outra doutrina'

É importante percebermos que os alertas apostólicos tinham um significado por demais imediato para aqueles que os ouviam. A apostasia já era evidente na igreja das origens! Contudo, o desvio da sã doutrina ainda estava por ser legalizado entre os fiéis.

Sim, nas primevas comunidades, considerável número de apóstatas começou a desorientar as fiéis testemunhas de Jesus. De modo que havia a necessidade de se tomar uma decisão de todo drástica por parte dos fiéis. O 'aparta-te' tornar-se-ía inevitável:

"Se alguém ensina alguma outra doutrina,

e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo,

e com a doutrina que é segundo a Piedade,

é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras,

das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,

contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade,

cuidando que a Piedade seja causa de ganho. Aparta-te dos tais."

– 1 Timóteo 6:3-5

Porventura não tinham o devido discernimento aqueles que eram favoráveis ao paganismo? Entretanto, segundo o apóstolo Paulo, a questão premente não era com respeito a falta de discernimento de alguns. O fato era que ministros de Satanás já haviam se transfigurado em ministros da justiça! – 2 Coríntios 11:13-15.

Os anátemas

O Senhor havia prescrito: "Acautelai-vos... dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores." [Mateus 7:15] Seriam as palavras do Mestre referentes a tempos longínquos?

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1 "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça", asseverou Paulo aos crentes que estavam em Roma. [1:18] Com efeito, o apóstolo apontou o mistério da iniqüidade como uma força que já estava em atuação: "o mistério da iniqüidade já opera". – 2:7, King James.

Os apóstolos eram aqueles que anunciavam o Mistério da Piedade. No entanto, temos aqui referência a um tal Mistério da Iniqüidade. Não é interessante notar que a forma como Paulo enunciou deu a entender que 'o mistério da iniqüidade' era emergente em seus dias? O que é isso senão a batalha entre o Testemunho de Deus e o Mistério, Babilônia, a Grande ? No entanto, a escrita do apóstolo indicou que 'o mistério da iniqüidade' era algo que desenvolvia entre os próprios 'cristãos': a corrupção da Fé. – Note 2 Tessalonicenses 2:3; 3:2.

Não, as palavras de alerta do Senhor não eram necessariamente referentes a dias muito distantes. O discurso de despedida do apóstolo Paulo aos anciãos da igreja em Éfeso, o qual lemos na íntegra no precedente capítulo, é um claro demonstrativo de que, tão cedo nas primevas igrejas, as sementes da apostasia estavam manifestas.1

Por certo, medidas salutares deveriam ser tomadas para que a sã doutrina e o rebanho de Deus fossem resguardados. As palavras de Paulo tinham o indicativo de que 'o joio' já tinha começado a ganhar proeminência entre as comunidades de Fé. [Mateus 13:26] Embora alguns dissessem ser apóstolos de Cristo, na verdade eram eles "os filhos do maligno", os anátemas. – Mateus 13:39. Cf. Gálatas 1:8.

De uma vez por todas!

O apóstolo Judas, enquanto escrevia sua carta, afirmou que a Fé já havia sido entregue de uma vez por todas aos santos. [v. 3] Em acordo, Paulo, ao escrever ao jovem Timóteo, exortou que a Fé deveria ser guardada e conservada. [1 Timóteo 1:18, 19; 3:9] Certamente, pois, que não havia a 'necessidade' de que a doutrina apostólica fosse 'formulada' ou que algo fosse acrescentado a ela.

A Fé já havia sido, de uma vez por todas, entregue aos santos. Qual era então a única necessidade dos fiéis em relação a doutrina dos apóstolos? Paulo deu o indicativo: "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros." – 2 Timóteo 2:2.

De fato, não havia necessidade de adicionais ao falar apostólico. O ensinamento dos apóstolos deveria ser apenas transmitido tal qual fora recebido! Mas como a transmissão do falar divino estaria assegurada para toda a posteridade de crentes?


Das tradições dos apóstolos

Ao escrever aos irmãos que estavam em Tessalônica, Paulo observou-lhes: "Irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa." – 2 Tessalonicenses 2:15.

É interessante a distinção entre 'tradições por palavra' e 'tradições por epístola' feita pelos apóstolos. O que nos ensina? Que na igreja da origem havia duas linhas de autoridade: a tradição oral e a tradição escrita. Contudo, é de se notar que, as aludidas 'tradições' dizem respeito às boas práticas para o convívio saudável entre os fiéis. – Note 1 Tessalonicenses 4:1-12. Cf. 2 Tessalonicenses 3:6-15.

De fato, as tradições dos apóstolos eram as observações práticas dos fiéis. [Note 1 Coríntios 11:2] No Atos dos Apóstolos, temos o elucidativo achado: "E [a multidão dos que creram] perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." – 2:42.

Deveras, as tradições objetivavam-se a um único fim: o Testemunho de Deus. Como se sublinha: "... para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador." – Tito 2:10b.

Os apóstolos e as Inspiradas Escrituras

Perseverança na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Tais itens perfazem o quadro completo da tradição apostólica. Entretanto, em que se firmava a sã doutrina anunciada pelos apóstolos de Deus? Considere o claro e proveitoso relato de Lucas: "E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim." – Atos 17:11.

O escritor inspirado afirmou que os judeus bereanos "eram mais nobres". Tal elogio, por certo, não fora gratuito. Foi devido a que os de Beréia tomaram a livre iniciativa de confrontar o que ouviram dos apóstolos com 'o que está escrito'. Que notável! Os bereanos se propuseram a um exame minucioso das Escrituras. Lucas os mencionou como sendo 'mais nobres' do que os que estavam em Tessalônica. Por qual razão? "Porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim"!

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1 Notemos que o discurso de Paulo evidencia os mesmos enunciados que Moisés proferiu ao se despedir dos filhos de Israel. – Cf. Deuteronômio 31:27-29. Veja apontamentos vitais no subtópico 'Nos Últimos Dias', do Capítulo 7.



A observação de Lucas condiz de forma apreciável com a nota corretiva que se encontra na primeira carta de Paulo aos tessalonicenses.1 O apóstolo exortou: "Certificai-vos de todas as coisas; apegai-vos ao que é excelente." – 5:21, Literal.

Nobres estudantes das Sagradas Letras

O apóstolo Paulo encorajou os fiéis a que examinassem as Escrituras. Certamente que Paulo não tinha receio de que o seu ensino fosse posto à prova por nobres estudantes das Sagradas Letras. [2 Timóteo 3:15] Mas implicaria o incentivo do exame das Escrituras em que cada estudante ou expositor viesse a ter interpretações particulares? Por certo que não! Em verdade, as primevas congregações de Fé foram alertadas a não irem "além do que está escrito"! [1 Coríntios 4:6] Que cuidados deveriam então nutrir os fiéis do Senhor para com as Escrituras! – Note 2 Pedro 3:16.

Há critérios que devemos nos ater no estudo do Livro de Deus. Em 2 Pedro 1:19 encontramos: "E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis, em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que esclareça, e a estrela da alva apareça em vossos corações." Quão instrutivas palavras!2

Sim, devemos ser aqueles que estão atentos à palavra profética. Todavia, importa que guardemos conosco o que o apóstolo com sabedoria declarou:

"Sabendo primeiramente isto:

que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação".

– 2 Pedro 1:20

Conformados ao modelo das sãs palavras

Nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Há algum outro necessário requisito a que diligentes estudantes das Escrituras devem se apegar? Sim, o apóstolo Paulo preceituou: "Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós." – 2 Timóteo 1:13.

A que se refere "o modelo das sãs palavras"? O conservar do modelo das sãs palavras só é possível se estivermos conformados às "sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a Piedade"! [1 Timóteo 6:3. Note 3:16] A doutrina dos apóstolos – a doutrina que é segundo a Piedade – é o falar das Escrituras, o falar do próprio Deus. – Note 1 Tessalonicenses 2:13.

A herança dos apóstolos

Os apóstolos do Senhor tinham uma única ocupação: o anúncio do Testemunho de Deus; de serem cooperadores da Verdade! [3 João 8] Todavia, o que se sucederia após os apóstolos descansarem no Senhor da vida? Lendo as últimas cartas dos apóstolos Paulo, Pedro e João, notamos o encargo apostólico quanto a preservação da sã doutrina.

É proveitoso observar as palavras culminantes de Paulo em seu discurso de despedida dos anciãos a igreja de Éfeso. [Atos 20:17-35] Após ter feito um triste prognóstico [vv. 29, 30], o apóstolo fez soar o alerta [v. 31], fazendo o ressalto: "Agora pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da Sua graça, a Ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados." – Atos 20:32.

Nenhuma outra fonte os apóstolos tinham para abalizar a sã doutrina, senão as Escrituras Sagradas. [Note 2 Timóteo 4:2, 3] Entretanto, como a sã doutrina poderia ser assegurada para todas as gerações dos que viriam a crer no Senhor Jesus Cristo? Seriam a doutrina e a tradição preservadas? Que garantia tinham os apóstolos quanto a um futuro ameaçado pela sombra dos desvios da Fé vista já nos dias da primeva igreja?

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1 A observação apostólica veio a propósito: Os fiéis de Tessalônica davam crédito a certas interpretações proféticas não acuradas referentes à vinda do Senhor. [1 Tessalonicenses 4:13-18] Devido a não perscrutarem as Escrituras, alguns se expunham a inconstância de entendimento e perturbação desnecessária. – 2 Tessalonicenses 2:1, 2.

2 O que indica que o genuíno entendimento das Escrituras é gradual e cumulativo a todos que buscam o Senhor. – Provérbio 4:18.



É digno de nota que Paulo não confiava num assim chamado 'Magistério' [lat. Magisterium, que significa Mestre ] dito 'infalível'. Realmente, o apóstolo Paulo não confiava num suposto 'colégio eclesiástico' que arroga-se das prerrogativas que pertencem somente ao Único que é infalível – Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo. – João 13:13. Cf. Mateus 23:8-10.

Nenhum dos apóstolos concebiam a idéia de que a Verdade fosse um 'bem' a ser transmitido de forma legalizada! Não, este não é o conceito apostólico. Nada aduziu Paulo ou qualquer dos apóstolos sobre uma suposta 'transmissão catedrática'. Antes, qual era a confiança dos apóstolos quanto ao Testemunho da Verdade? Uma confiança total nAquele que é o Poderoso! Paulo encomendou os irmãos ao próprio Deus e ao Seu falar! Não é o que temos lido? Deveras, a esperança de Paulo era o próprio Deus e a eficácia sobrepujante de Sua palavra.



Deus vela sobre a Sua palavra!

Por mais que os homens maus e impostores e os demônios tentem barrar o anúncio do Testemunho de Deus, sempre o Senhor dará a última resposta. "Eu velo sobre a minha palavra para a cumprir", disse o Senhor a um de Seus profetas. – Jeremias 1:12b.

Se em determinada época os homens deixam de corresponder ao chamado de Deus; se o testemunho divino possa parecer enfraquecido nos filhos de Deus, não nos esqueçamos de que só o Senhor é Deus, que Ele é Absoluto em e sobre todas as cousas! – Note Mateus 16:18.

Deus sabe como agir na história da humanidade. Ele é o Rei dos séculos. De modo que Ele bem sabe quando e como o Seu testemunho deve brilhar em toda a intensidade entre os homens. Ele vela sobre a Sua palavra para a cumprir!

Nos precedentes subtópicos vimos alguns pontos pertinentes à doutrina e tradição apostólica. Também vimos acerca de como os apóstolos entendiam a transmissão da sã doutrina. Mas há por certo outros pontos que se encontram delineados nas epístolas. Em conclusão deste capítulo, queiramos considerá-los.

Preservando a doutrina e a tradição dos apóstolos

"Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós", observou Paulo a um de seus cooperadores. – 2 Timóteo 1:13.

Ora, foi em concordância plena com Paulo que o apóstolo Pedro, em sua primeira carta, pronunciou-se: "Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus". [4:11] Assim, o parecer dos apóstolos é bastante claro: As Sagradas Letras é o único padrão confiável para todo o nosso falar, à toda transmissão de doutrina e de ensinamentos.

Afirma-se que os escritos dos profetas e dos apóstolos são suficientes para adquirirmos a perfeita instrução. Que consideras? É Paulo, o apóstolo, quem se pronuncia: "Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra." – 2 Timóteo 3:17. Cf. 2 Pedro 1:21.

Deveras, é Naquele que inspira e por meio dEle que importa que sejamos elevados à perfeição. Posto que, o nosso crescimento deve ser "sobre o fundamento dos apóstolos e profetas". [Efésios 2:20, Darby. Note v. 22.] Que concluímos, pois? Por certo que os critérios de preservação da doutrina e da tradição dos apóstolos se encerra nas Escrituras Sagradas. Não prescreveu o apóstolo Paulo aos primeiros crentes a não irem "além do que está escrito"? Ora, esta prescrição é conforme a exortação: "Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus"!

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